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Comunidades quilombolas e grupos LGBT+ recebem cestas de alimentos do governo do RS

Carlos Queiroz -

Para que mais de 600 pessoas de comunidades quilombolas de Pelotas consigam seguir a risca as restrições e cuidados no combate à Covid-19, ficando em casa, 150 cestas básicas serão entregues na próxima semana. Nesta quinta-feira (21), a Secretaria de Assistência Social de Pelotas (SAS) recebeu os kits - outras 120 sacolas serão destinadas ao público LGBT+. A compra e distribuição dos alimentos é coordenada pelo governo do Estado do RS, por meio da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH). Pelotas é um dos primeiros municípios a entregar cestas aos quilombos.

Por aqui, três frentes foram essenciais para garantir que a alimentação chegue na casa das famílias. A Emater e a Secretaria de Assistência Social (SAS), por meio do Comitê Gestor Quilombola, articularam a entrega e as famílias que, em um primeiro momento, serão as beneficiadas. “Esses alimentos estão chegando na hora certa, para que as famílias não precisem sair de casa”, ressaltou o representante da comunidade quilombola Alto do Caixão, Charles Dias. Por enquanto, apenas os beneficiários do Cadastro Único (CadÚnico) vão receber os kits de alimentos.

Entre os quilombolas, o momento é duplamente ruim: além do novo coronavírus, a estiagem também piora a situação das famílias. Dias explicou que grande parte dos trabalhadores exerciam atividades em lavouras e, agora, as oportunidades de seguir ativos são mínimas. “Muitos trabalham como peões e não têm sido chamados pra isso. As pessoas estão com medo não só do coronavírus como da crise”, afirma.

Outro grupo que vai receber as cestas básicas é a comunidade Vó Elvira. Antônio Leonel, representante dos quilombolas de lá, diz que por lá, a população também está com medo do vírus. “O pessoal tem usado máscara até mesmo no interior, o que até algumas semanas não era tão comum”, lembra. As comunidades do Algodão e do Cerrito também receberão as cestas. Para abastecer as casas nos próximos meses, um outro projeto está em fase de construção - esse envolve recursos da pasta da Saúde do governo do RS, encaminhado por meio da 3ª Coordenadoria Regional de Saúde. No total, as quatro comunidades quilombolas comportam 325 famílias - aproximadamente 1,3 mil pessoas.

O sociólogo e extensionista rural da Emater, Robson Loeck, ressaltou a importância da existência do Comitê Gestor Quilombola, criado há cinco anos na cidade. Junto do grupo de trabalho, o processo de aplicação dos recursos é muito ágil - o que engloba a destinação das cestas de alimentos. “Assim que o recurso foi liberado, na mesma semana já tínhamos um destino pronto”, diz. Pelotas é uma das primeiras cidades do RS a receber os produtos com destino aos quilombolas, e a primeira da região, afirma. Grupos indígenas e povos de terreiro (pessoas, em sua maioria de origem afro-brasileira, ligadas às comunidades religiosas de matrizes africanas) também vão receber os kits.

Importância da assistência aos LGBT+

Assim como os quilombolas, a população de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Trans+ são consideradas populações mais fragilizadas no atual momento, em decorrência da pandemia da Covid-19. Uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), divulgada no último domingo, revelou que esses grupos estão mais vulneráveis ao desemprego e à depressão por causa da pandemia. Mais de 21% dos LGBTs entrevistados (dez mil brasileiros, em todo país) estão desempregados, enquanto que o índice total no Brasil é de 12,2%, segundo o IBGE. Além disso, o temor é de que, com o isolamento social, pessoas que sofrem com doenças psicológicas como depressão e ansiedade tenham uma piora nos quadros. Mais de 30% de cada um dos grupos da sigla teme sofrer algum problema de saúde mental durante a pandemia.

Em todo Rio Grande do Sul, 993 cestas serão distribuídas para os LGBT+, em mais de 140 municípios contemplados. Pelotas recebeu 120 kits, com o objetivo de frisar a importância da permanência de todos em casa, protegidos. O secretário estadual de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Catarina Paladini, lembra dos perigos da exposição ao vírus. “Seguimos a ideia de manter todos em casa, para achatar a curva de infectados pela doença no Estado”.

Investimento de R$ 1,3 milhão em todo RS

A distribuição das cestas para os 146 municípios beneficiados em todo RS começou nessa semana e cada prefeitura deve agilizar a entrega conforme a demanda. No município, o titular da SAS, Márcio Sedrez, explicou que a distribuição nos quilombos foi transferida para a semana que vem por conta da chuva. Somando as 280 toneladas de alimentos, o valor investido é R$ 1,3 milhão, fruto de recursos próprios da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos e também de destinação do Fundo de Defesa do Consumidor.

Catarina Paladini lembrou da importância de definir um bom destino quanto aos recursos dos fundos estaduais. “Precisamos, junto dos municípios, deixar pro futuro um legado e definir nichos, de público e mercados, específicos para essa aplicação”, frisou. A compra das cestas é um desses exemplos.

Fora isso, a união de um elo de trabalho, com diferentes setores, “é essencial para chegar nas comunidades mais distantes”, lembrou o secretário. O transporte dos mais de 11,6 mil kits é feito pelo Exército, pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde e pela Emater. A Brigada Militar, a Secretaria Estadual de Saúde e a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural também fazem parte da ação.

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